Você já se imaginou perdendo a noção do tempo? Sem saber que dia é hoje, de qual semana, de qual mês. Nessa hora, nos damos conta de como é bom ter um calendário por perto. Um elemento comum do dia a dia, que sempre se mostra necessário – até mesmo na hora de cortar o cabelo, para quem acredita na influência das fases da lua.
E quando chega o final do ano, todo mundo se encarrega de garantir o seu próximo calendário, seja ele em forma de folhinha, imã de geladeira, de mesa ou agenda. Mas, e para quem não enxerga ou enxerga muito pouco, como faz para usufruir desse recurso?
Nesse momento, é preciso se valer da Lei nº 10.098, de dezembro 2000, mais conhecida como “Lei da Acessibilidade”, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.
Essa lei garante as condições necessárias para que pessoas com deficiência possam ter contato com o mundo e exercer sua independência. E inspira ações em todas as esferas de interação humana, de modo que não poderia ser diferente quando se trata dos calendários, tão útil no nosso cotidiano.
Utilidade na prática
“Eu uso o calendário acessível há quase 15 anos e percebo que muitas outras pessoas com deficiência visual também usufruem deste produto, porque nos dá autonomia”, contou Ademilson Costa, representante comercial da Fundação Dorina. Ele é cego e acredita que, caso não houvesse a acessibilidade no calendário, uma imensa parcela da população seria excluída.
Essa é a realidade que a Fundação Dorina Nowill para Cegos trabalha para mudar. A cada ano, milhares de calendários acessíveis são produzidos e distribuídos gratuitamente para pessoas com deficiência visual de todo o Brasil.
E, em muitas regiões, esse produto é uma das únicas ferramentas de inclusão da qual a pessoa tem disponível. Para Therezinha Aparecida Carleto, de 73 anos, o calendário acessível é uma peça muito interessante. Ela o recebe desde a primeira edição e, inclusive, já ajudou a produzi-lo no período em que foi voluntária na gráfica da Fundação.
“Ao receber o calendário, eu olho tudo: os feriados, as mensagens, o QR Code… Para mim é uma ferramenta ótima, deixo na minha mesa sempre à disposição e se não fosse ele, eu usaria o celular, mas não teria essa riqueza de detalhes”, contou.
Os recursos acessíveis, como braille-tinta, fonte ampliada e QR code com as descrições de imagem, garantem que as pessoas cegas ou com baixa visão recebam o mesmo conteúdo que as pessoas sem deficiência. Por isso, a Fundação desenvolve anualmente uma campanha para que toda a sociedade abrace a causa da inclusão ao adquirir os calendários.
Além de ser uma peça informativa e acessível, o calendário da Fundação Dorina também traz histórias. A cada ano, um novo tema ilustra as folhinhas dos meses e chama a atenção da sociedade.