Paralimpíadas 2020: Por onde anda João Maia?

Texto de Luciane Tonon

No dia 19 de agosto nosso embaixador, João Maia e a jornalista Luciane Tonon se aventuraram na cobertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio.

Foram 36 horas de viagem com uma parada de três horas na Etiópia e uma parada de 1h30 em Seoul. No voo já começaram sentir saudades da comida brasileira, mas tudo era novidade e experimentar culinária  diferente fazia parte do plano deles.

No primeiro voo João recebeu um cartão de segurança em braile e pode identificar as saídas de emergência normalmente. Já no segundo voo da Ethiopia para o Japão isso não aconteceu.

Além das horas de voo e de trânsito os dois esperaram quatro horas pelo resultado de exame de Covid para poderem embarcar no Brasil e mais quatro horas no aeroporto de Narita no Japão pelo resultado do segundo exame feito lá em terras orientais.

Em solo japonês  encontraram com Sandra Chammem a intérprete e guia que iria os acompanhar durante toda estadia no Japão. Saíram muito tarde de lá  e foram de taxi até o Hotel. Nesse momento sentiram o alto custo de vida do Japão. Um trajeto de 40 minutos de taxi custou R$1.800.

Enfim, instalados, João foi aprender como lidar com o banheiro japonês que é bem automatizado com várias funções para higienização pessoal no vaso sanitário. Mas, todos os comandos com escrita em braile. Já no quarto nada de braile e nem acessibilidade. João passou muito calor na primeira noite por não ter conseguido ligar o ar condicionado.

Três dias se passaram com os três brasileiros trancados no hotel em quarentena. Porém, a falta ou o excesso de comunicação não permitiu que eles entendessem onde pegar os kits para fazerem os testes diários de PCR saliva.

Só no quarto dia que Sandra foi até a central de Mídia, porque ela enquanto cidadã japonesa podia sair. De lá ela trouxe os kits e iniciaram a jornada diária de testes de detecção de COVID.

Dia 24 de agosto então, o grande dia de abertura dos Jogos foi mais uma aventura para os três. Não havia ônibus que os levassem para o estádio Olímpico, portanto, pegaram um taxi.

No meio do caminho, o taxista disse que o trânsito estava muito parado e que não iam chegar em tempo. Sugeriu que eles descessem e fossem de metrô.

Mas, o detalhe  é que eles estavam em quarentena, não poderiam andar em transporte público. Não teve outro jeito, se arriscaram para não ficarem perdidos ali. Tudo acabou dando certo. No outro dia começaram cumprir escalas de jogos logo cedo.

ござい まそ  sem jeitinho brasileiro

Essas letrinhas querem dizer Gozai Maso – “Muito obrigado” a palavra mais usada entre os japoneses que têm uma hospitalidade incrível. Estão sempre prontos a ajudar, mas às vezes o excesso de zelo e cuidado em fazer o melhor por nós, acaba  tomando tempo precioso na correria de  chegarmos em algum lugar. 

Há voluntários por toda parte e se você apresenta alguma dúvida, lá vão eles numa escala hierárquica tentar resolver. Um pergunta para o outro, que pergunta para outro, que olha planilha, que chama no rádio, que pesquisa.

Até retornarem com a respostas, lá se foi o  ônibus, ou já iniciaram as provas previstas. Então, desde o início decidimos perguntar o mínimo possível e seguir placas.

No Japão não tem jeitinho brasileiro.  Às vezes algo que achamos tão óbvio para no Brasil, aqui não é. Nos deparamos  com situações como por exemplo:  os ônibus fecham as portas rigorosamente  no horário, mesmo que já podem nos ver pelo retrovisor.

Mesmo a gente gritando “please wait”  e acenando que estamos ali, não adianta. Eles não abrem mais a porta. Vão vazios, mas, não abrem. Outro exemplo é para fazer compras. Se faltar um centavo na hora de pagar, eles não vendem. 

Um único centavo, não tem choro e nem vela. Do mesmo jeito que eles nos devolvem todos os centavos de troco. Nada de oferecer balinhas.

Enquanto fotógrafo, de início João Maia sentiu dificuldades para fazer ajustes na câmera, mas, logo descobriu que em todos os lugares reservados para fotografar há um responsável, que geralmente é um fotógrafo com experiência, que pode ajustar isso pra ele.

Até então, contou com a ajuda da Sandra. Outra grande dificuldade  é o distanciamento das arenas. Diariamente pegamos dois ônibus para chegar nos lugares pretendidos, um do hotel para um estacionamento central e outro para as arenas específicas.

Tudo isso leva no mínimo duas horas. Se a gente não perder , é claro. Sendo assim, escolhemos sempre duas modalidades por dia.

Nossa alimentação durante o dia é o que encontramos nas arenas oferecido pela organização. Normalmente sanduíches de pasta de amendoim ou de geleia de morango com margarina.

Água, café ou chá. Já quando chegamos no hotel, há o que eles chamam de “Combini”, uma loja de conveniência onde podemos comprar refeições prontas dentre elas macarronadas com acompanhamento de carne ou ovo.

Arroz com carne, frango ou suchis de várias espécies. Ali também compramos o café da manhã. Pão das mais variadas espécies do tipo com feijão doce, pão de melão, pão de arroz, iogurtes, banana. E assim vamos nos alimentando.

A nossa liberação da quarentena de 14 dias venceu dia três e estamos liberados para andar de transporte público e conhecer um pouco mais do Japão. Isso vou contar na próxima depois que vivenciarmos realmente a cultura e a acessibilidade do Japão.

OHAYO!!!

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