Saúde mental e pandemia: compreendendo o luto

Devido ao contexto causado pelo COVID 19, muitas pessoas estão vivenciando um processo de luto por conta de diversas perdas ocorridas, como trabalho, entes queridos, afastamento do convívio com as pessoas e a falta de liberdade.

Para uma pessoa com deficiência visual, lidar com este momento pode se tornar ainda mais difícil, visto que seu luto pela perda visual se soma ao luto da realidade e cotidiano que hoje enfrentamos.

A autora Elisabeth Kubler Ross descreveu os estágios das fases de elaboração do luto, onde podemos associar com o contexto de hoje.

1- Negação

Primeiro momento quando ouvimos falar sobre o vírus, muitos de nós desacreditamos na seriedade da doença e na gravidade do que ela poderia ocasionar. Negamos o fato de a doença ser real e que poderia causar morte.

“Esse vírus não existe!”

“Será mesmo que precisamos ficar isolados?”

2 – Raiva

Após negarmos, percebemos que o mundo estava diferente, sentimos diversos sentimentos, e um deles é a raiva. Raiva de estarmos presos dentro das nossas residências, sem contato com nossos amigos e familiares, raiva de ter perdido o emprego ou ter presenciado o falecimento de um ente querido devido à doença. Questionamentos religiosos também são esperados, como raiva das forças superiores, sentimento de irritabilidade em estar isolado ou se deparando com muitas pessoas que não estão conscientes do problema e saindo de casa, colocando outras pessoas em risco.
– “Poxa, meu tio nunca saiu de casa e pegou a doença”
– “Quando isso vai acabar?
– “Não aguento mais ficar trancado”

3 – Barganha

Nesse estágio acontece à negociação com as forças superiores ou em quem cremos. Realizamos trocas e pensamentos positivos de bondade ao próximo e para as minhas condutas, prometendo se tornar uma pessoa melhor, mudar seus hábitos e comportamentos, caso a pandemia passar ou caso nós fiquemos imunizado ao vírus.
“Deus, vou me tornar uma pessoa melhor, caso esse vírus passe e eu não seja contaminado”
– “Prometo que vou me tornar uma pessoa melhor com a sociedade, caso acabe essa pandemia”

4 – Depressão

Destaca-se que a depressão é uma doença, devido à falta de um componente químico no cérebro, podendo ocasionar a morte. Mas nesse estágio podemos encontrar pessoas que adquirem a depressão e outras que passam por episódios depressivos ( desencadeando profunda tristeza ou oscilando de humor). A diferença entre os quadros é que a depressão só pode ser diagnosticada por um psiquiatra e que os sintomas vem associados com tristeza profunda que persiste há mais de duas semanas, entre outros sentimentos. Já os episódios depressivos, podem oscilar os dias, não se acentuando por semanas.

5 – Aceitação

Aqui percebemos que o sujeito compreende sobre a doença, enfrentando suas dificuldades e desafios, com obediência e humildade. Obedecendo as regras estabelecidas e se conscientizando da situação.

Como lidar?

Precisamos enfrentar essa situação vivenciando o que há de bom nesse momento. Como por exemplo, aproveitarmos este tempo para organizarmos aquilo que reclamávamos não conseguir fazer devido à falta de tempo ou por causa do trabalho, vivenciar mais momentos com os familiares que moram em nossa residência, podendo compartilha e fortalecer os laços familiares.

Devemos evitar a  potencialização de pensamento ruins e negativos,  não dando ênfase no que não conseguimos e no que não podemos fazer neste momento. É um momento que muitas pessoas sentem solidão e angústia, mas lembramos que esses sentimentos são internos e que precisamos nos sentir pertencentes ao mundo e o que podemos fazer de bom para contribuir com a melhora do contexto vivido.

Desenvolver novas habilidades e hobbies (artesanato, pintura, dança, culinária, jardinagem, música), aprofundar conhecimentos e estratégias de enfrentamento podem auxiliar neste processo. Vivenciar o luto, a tristeza e angústia faz parte do nosso amadurecimento e evolução, pois não precisamos olhar internamente como algo ruim e sim como algo que possibilita fazermos reflexões sobre nossa vida e nossas relações. Que este momento possa ofertar a todos nossos, um olhar mais humano e solidário, e que possamos compreender que todos nossos estamos interligados e conectados na linha da vida.

Ana Karla Komora

Clarissa Freitas

Daniela Polzer Delgado

Thais Cristine Alves dos Reis

 

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