“Quando estou com a câmera fotografando o que eu quero, e alguém descreve essas imagens pra mim, é como se eu estivesse abrindo a janela da minha casa e observando a sociedade como ela se encontra, dentro de um movimento de transformação, porque ela mudou muito desde que eu perdi a visão, em 2007. Ao fotografar, coloco a câmera abaixo do queixo, que serve como um ponto de referência e equilíbrio, pra foto não ficar torta. Assim consigo alinhar melhor a imagem e mantenho a perspectiva do meu olhar. Vivemos num período de banalização da imagem. Por isso é tão importante pensar antes, durante e depois do clique. Quando você para pra pensar no que fotografar, você tem um resultado final melhor, que vai te trazer um recorte do espaço-tempo pra posteridade”.
Marco Oton é fotógrafo, cientista social e palestrante
“Pra mim, a fotografia representa a inclusão das pessoas com e sem deficiência. É uma forma de comunicar e contar histórias, transformar sonhos em imagens. E, para as pessoas com deficiência visual, é uma ferramenta de empoderamento também. Nossas fotografias são recortes de nossas histórias, são os livros que a gente leu, as viagens que fizemos.
Desejo a todos os fotógrafos – amadores e profissionais – que continuem fotografando. Hoje em dia quase todo mundo tem celular com câmera, inclusive as pessoas com deficiência visual. E nós podemos, sim, fotografar! Uma dica que eu dou é utilizar o “timer” da câmera ou celular, apoiados em uma superfície plana ou tripé. Nesse caso, o próprio fotógrafo pode sair na foto, pode reunir os amigos, posicioná-los, pedir aquele sorrisão pra todo mundo e tirar uma ótima foto!”