Conseguir um emprego é um dos principais objetivos de vida da maioria das pessoas. Não só pelo sustento, mas também pela oportunidade de construir uma carreira, de aprender coisas novas, de conhecer pessoas e de se sentir útil para a sociedade.
Para as pessoas com deficiência visual, no entanto, essa realidade está cada vez mais difícil. O que se vê é um declínio na contratação de pessoas cegas no mundo do trabalho, especialmente após a visão monocular ter sido caracterizada como deficiência visual no Estado de São Paulo, a partir da Lei nº14.481/2011, para efeito do cumprimento da Lei de Cotas nº 8.213.
Quando disputam uma vaga com pessoas com visão monocular ou com baixa visão, as pessoas cegas têm desvantagens quando o assunto é trabalho. Isso porque ainda existem muitas crenças infundadas em relação a esses profissionais, como achar que a pessoa cega vai ter uma dependência social ou que as adequações exigidas aos postos de trabalho terão um custo alto para o contratante.
“O nosso papel enquanto área de Empregabilidade é conscientizar as empresas e mostrar aos contratantes que a realidade não é bem essa. É possível sim fazer um posto de trabalho acessível para as pessoas com deficiência visual, especialmente para as pessoas cegas”, afirma Edson Defendi, coordenador da área na Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Alternativas de trabalho
Estudos mostram que os cegos, principalmente os congênitos, precisam desenvolver um sistema muito próprio para conhecer o mundo, chamado de reorganização perceptiva e sensorial. Nesse caso, a pessoa potencializa seus outros sentidos para que ela possa se apropriar das informações do mundo externo.
Diante deste cenário, as pessoas com deficiência visual começaram a optar por profissões em áreas que a cegueira é vista como uma “vantagem”, ou seja, que possam usufruir principalmente de seus outros sentidos e percepções, como é o caso da massoterapia e em áreas tecnológicas, como programadores, desenvolvedores e analistas de acessibilidade web.
A massoterapia trabalha essencialmente com o toque, o que favorece o trabalho da pessoa cega e com baixa visão. E esse tem sido um nicho cada vez mais crescente, inclusive apoiado pela Fundação Dorina, que oferece cursos livres de qualificação nessa área. Para saber mais, acesse aqui.
Outro exemplo são as funções de degustadores e avaliadores olfativos. Privado da visão, o profissional usa o paladar e o olfato para avaliar um alimento, um sabor, um aroma. E, nesse caso, a pessoa cega é vista com mais aptidão, por conta da própria atividade.
Programa Desvendar
Apostando nesta perspectiva, os times de Recursos Humanos e Diversidade e Inclusão da Nestlé resolveram inovar e abrir vagas para que pessoas cegas possam aproveitar suas habilidades nos já chamados “testes cegos”.
Em parceria com a Fundação Dorina, o Programa Desvendar da Nestlé vai empregar e capacitar diversos profissionais para que eles desenvolvam competências técnicas e, junto com a condição de ser uma pessoa cega, possam atuar na avaliação com excelência dos produtos da marca.
Segundo Edson, essa é uma grande oportunidade para que pessoas com deficiência visual, em especial as pessoas cegas, tenham opções diversificadas de trabalho e na qual a cegueira seja vista de maneira positiva. “Com essa iniciativa, a companhia acaba construindo um case importante no mercado e servindo de exemplo para outras empresas, além de validar um novo campo profissional e incentivar o cumprimento da Lei de Cotas”, completa.
Ou seja, frente a carência de oportunidades que existe hoje no mundo do trabalho, iniciativas como essa trazem uma nova perspectiva dentro do universo ainda escasso de profissionalização da pessoa com deficiência visual.
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