“É através do tato, usando os dedos e as mãos, que os cegos começam a perceber o mundo…”, explica Dorinha, personagem inspirada em Dorina Nowill, a Mônica e Cebolinha – também criações clássicas de Maurício de Sousa.
A mais famosa turma brasileira das HQs invade a inédita publicação Como Dorinha vê o mundo, que será distribuída gratuitamente para 500 escolas da rede municipal de ensino, de São Paulo.
A iniciativa da Fundação Dorina Nowill para Cegos conta com a importante parceria do Instituto Maurício de Sousa, na cocriação da obra, e do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD), que viabiliza a produção dos 3 mil exemplares da primeira edição do livro impresso em braille e fonte ampliada. Em suas 24 páginas, até os clássicos traços e ilustrações de Maurício de Sousa são acessíveis, claro.
De forma lúdica e criativa, Como Dorinha vê o mundo faz parte da “Série Dorina” e apresenta a realidade das pessoas com deficiência visual, o sistema braille e outros instrumentos que possibilizam a democratização da cultura e da brincadeira.
O formato da versão impressa também promove a literatura inclusiva entre crianças e jovens cegos, com baixa visão e videntes. “Todos os alunos podem ler o livro. E os professores e educadores também. Isso é inclusão. Esse é o legado de Dorina de Gouvêa Nowill, nossa fundadora que, neste mês de maio, completaria 100 anos e há mais de 75 anos foi pioneira na luta por um mundo mais acessível e uma sociedade mais inclusiva”, comemora Alexandre Munck, superintendente da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Dorina 100 anos
Nascida em maio de 1919, na capital paulista, Dorina de Gouvêa Nowill ficou cega repentinamente, aos 17 anos, em consequência de uma doença não diagnosticada. A partir da perda completa da visão, ela começava a fazer história e a construir os pilares da instituição que, no futuro, levaria seu nome e sua causa.
À frente do seu tempo, Dorina Nowill também foi responsável pela articulação e implementação de importantes políticas públicas nacionais, amplo espaço de fala e representatividade internacional, como sua participação na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em 1981. Dorina Nowill faleceu em agosto de 2010, aos 91 anos, deixando um legado que permanece e segue adiante por meio dos colaboradores, conselheiros, parceiros, patrocinadores e voluntários da instituição.
Em 2019, celebramos o centenário dessa mulher, que desempenhou um importante papel na luta pela inclusão de pessoas com deficiência visual.